segunda-feira, 31 de outubro de 2011



"Ando muito só, um tanto assustado, e com a esquisita sensação de que tudo acabou. Ou pelo menos está se transformando — e radicalmente — em outra coisa. É tão vago, não sei sequer dizer do que se trata."



CaioFAbreu in Carta a Maria Adelaide Amaral

domingo, 30 de outubro de 2011




"Quisera abandonar-te, negar-te, fugir-te,
mas curioso:
já não estás, e te sinto,
não me falas, e te converso.
E tanto nos entendemos, no escuro, no pó, no sono.
E pergunto o teu segredo.
Não respondes. Não o tinhas."



Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

quinta-feira, 27 de outubro de 2011




"... avesso às prisões paradisíacas que idiotamente eu preparava com armadilhas de flores e frutas e fitas, quando ele vinha. Paraísos artificiais que apodreciam aos poucos, paraíso de eu mesmo - tão banal e sedento - a tolerar todas as suas extravagâncias, o que devia lhe soar ridículo, patético e mesquinho.
Agora apenas deslizo, sem excessivas aflições de ser feliz."


CaioFAbreu in Os dragões não conhecem o paraíso



"Então canta no teu violão aquela canção tão antiga, filha das nossas tardes.
E eu repito com você o refrão em que dizes:

Não consigo recordar
em qual beira de rio
você me beijou um dia,
mas inda arde em mim
essa saudade..."


Marla de Queiroz



"Ah houvesse um jeito de dormir completamente só, sem a companhia sequer de mim mesma. Não Havia."


CaioFAbreu in Verbo Transitivo Direto - O Inventario do Ir-Remediavel


"Anyway, me dói a possibilidade de um não, me dói a possibilidade de um silêncio, me dói não saber de que forma chegar a ele, sacudi-lo, dizer me olha, me encara, vamos ou não vamos nessa?"


CaioFAbreu in carta à Jacqueline Cantore

terça-feira, 25 de outubro de 2011



"Nada por dentro e por fora além daquele quase-novembro, daquele sábado, daquele vento, daquele céu azul - daquela não-dor, afinal."



CaioFAbreu in Caio 3D o essencial da década de 1990




Ele estava absolutamente seguro de sua escolha de Homem Independente Que Não Necessita Mais Dessas Bobagens De Amor.”



CaioFAbreu in Mel e Girassóis - Os dragões não conhecem o paraíso

Busque Amor novas artes, novo engenho,
Para matar-me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que n'alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei porquê.


Luiz Vaz de Camões

'Tomo um café, acendo um cigarro. Durante um minuto, fico pensando em parar. Parar como param os monges budistas. Parar e olhar. Só um minuto. Pronto: agora tenho que sair correndo outra vez para ganhar a vida. Ganhar ou perder? Eu sei a resposta. Mas posso cantar baixinho um velho Roberto Carlos, aquele assim: “Querem acabar comigo/ isso eu não vou deixar”. Juro que não.'



CaioFAbreu, OESP - Caderno 2 - 1987


"Há pouco ouvi Quereres, e me impressiona sempre como está tudo ali — todos os labirintos e desencontros de afetividade. Ah, bruta flor do querer."



CaioFAbreu in Carta a Luciano Alabarse



"...é por esses caminhos que parecem tortos que você tem que caminhar, e as coisas vêm ao seu encontro. Você só tem que escutar os caminhos e seguir por eles."




CaioFAbreu in Onde Andará Dulce Veiga

sexta-feira, 21 de outubro de 2011




"...essas ventanias de primavera secando rápido nossos cabelos molhados, enquanto uma borboletinha amarela esvoaçava entre nós para escapar depressa no momento exato em que, ali do meu lado, você se debruçou na areia para olhar bem fundo dentro dos meus olhos, depois estendeu o braço lentamente, como se quisesse me tocar num lugar tão escondido e perigoso que eu não podia permitir..."



CaioFAbreu in Uma praiazinha de areia bem clara, ali, na beira da sanga - Os dragões não conhecem o paraíso

quinta-feira, 20 de outubro de 2011




"Sentado à beira do caminho, o homem cansado ficou quieto, espiando a vida que passava"



CaioFAbreu in Uma fábula chatinha, Pequena Epifania


"Numa cidadezinha perdida, dois malditos que se reconhecem nem que seja necessário sequer falar sobre isso. Uma cumplicidade muda, e tão secreta que, penso, talvez você nunca tenha percebido. Na minha memória - já tão congestionada - e no meu coração - tão cheio de marcas e poços - você ocupa um dos lugares mais bonitos."



CaioFAbreu in Carta a Oracy Dorneles


PS. A "cidadezinha" é a nossa, minha e de Caio, Santiago. O outro "maldito" é Oracy Dorneles, um gênio/artista/velho/poeta/louco que ainda anda pelas mesmas ruas que eu...

segunda-feira, 17 de outubro de 2011


"...e ouço-reouço sempre, quase sempre na estrada, apoiado em alguma vidraça de ônibus, trem ou avião, e choro sempre com “eu ando pelo mundo prestando atenção em cores”.



CaioFAbreu in carta A Luciano Alabarse

domingo, 16 de outubro de 2011




"O tempo, de vento em vento, desmanchou o penteado arrumadinho de várias certezas que eu tinha, e algumas vezes descabelou completamente a minha alma."



Ana Jácomo



"E por mais que eu amoleça não se aproxime: eu não quero abraços, eu não quero conselhos. Engatinhei demais em cima da brita durante os meus aprendizados, só eu consigo enxergar as feridas e o cuidado que preciso dar para curar os meus dois joelhos.



Marla de Queiroz



"Tão instáveis, hoje aqui, amanhã ali. Eu sei, também já fui assim.
Só que chega um ponto que a gente cansa, que não quer mais saber de aventuras ou de procuras, entende?
Acho que é isso que vocês não são capazes de compreender, que a gente, um dia, possa não querer mais do que tem."


CaioFAbreu in O Ovo Apunhalado

(...) Eu me busco tanto em tudo que fiz da palavra “encontro” o fim da minha estrada. E sigo caminhando a esmo com a obstinação dos que não têm destino certo, apenas a intuição de que chegarão nalgum lugar que não se chame “cansaço".



Marla de Queiroz

(...) Quanto tempo foi gasto procurando coisas e pessoas que preenchessem minhas lacunas quando eu apenas precisava do vazio; de estar comigo na feiúra e na beleza que carrego...



Marla de Queiroz

sábado, 15 de outubro de 2011


"Aqui, junto a janela, o ar é mais calmo.
Estrelas, estrelas, rezo."



Clarice Lispector

"Não gosto quando a gente fica falando assim no que não foi, no que poderia ter sido. God! Não aos sábados, principalmente à noite. Não hoje, por favor, hoje não dá, eu tenho. Eu tenho uma sensação meio de amargura, de fracasso. Você me entende? Como se tivesse a obrigação de ter sido, ou tentado ser, outra pessoa."



CaioFAbreu in Pela noite

sexta-feira, 14 de outubro de 2011



“Eu precisava deter a vontade de voltar atrás ou ficar parado, pois tem um ponto, eu descobria, em que você perde o comando das próprias pernas."


CaioFAbreu in Além do ponto

quarta-feira, 12 de outubro de 2011


"E assim como a solidão pode ser compartilhável, amar alguém pode ser algo muito mais solitário..."



Marla de Queiroz