domingo, 30 de junho de 2013





"Os homens são tão necessariamente loucos que não ser louco seria uma outra forma de loucura. Necessariamente porque o dualismo existencial torna sua situação impossível, um dilema torturante. Louco porque tudo o que o homem faz em seu mundo simbólico é procurar negar e superar sua sorte grotesca. Literalmente entrega-se a um esquecimento cego através de jogos sociais, truques psicológicos, preocupações pessoais tão distantes da realidade de sua condição que são formas de loucura — loucura assumida, loucura compartilhada, loucura disfarçada e dignificada, mas de qualquer maneira loucura."

 
Ernest Becker in A negação da morte

sábado, 29 de junho de 2013




"... Eu não me recordo quantas vezes eu "quase" morri de amor e de solidão.
Até hoje eu não sei se quando eu estou amando é quando a solidão me devasta ou se é o contrário. Atualmente tem me faltado tudo. Até a minha luz foi cortada. Só não me falta a loucura de acreditar que este fósforo molhado que eu seguro em minhas mãos vai te ajudar a me enxergar na escuridão. "

Marinez Full
 

sexta-feira, 28 de junho de 2013




Oh!  O  silêncio das salas de espera
Onde esses pobres guarda-chuvas lentamente escorrem...

O silêncio das salas de espera
E aquela última estrela...
Aquela última estrela
Que bale, bale, bale,
Perdida na enchente da luz...
Aquela última estrela
E, na parede, esses quadrados lívidos,
De onde fugiram os retratos...

De onde fugiram todos os retratos.
E esta minha ternura,
Meu Deus,
Oh! toda esta minha ternura inútil, desaproveitada...!
 

Mario Quintana - in Canções
 

segunda-feira, 24 de junho de 2013





 
 
Tatuagem Invisível

Os dias mais lindos têm a tua cara.
Os sonhos mais tristes são porque não estás.
A melhor inspiração é por te saber existir
A noite mais fria é quando tens que partir.
Sou para ti a certeza do amor verdadeiro,
aquele que podes contar a qualquer momento.
Tu és para mim muito mais que um parceiro.
Tens domicílio fixo em meus pensamentos
Trago na pele uma tatuagem invisível
impressa com tua marca gravada em mim.
Teu cheiro, teu gosto, teu calor
enche-me de desejo como fogo a me consumir.
Exibes no rosto um sorriso estampado, pelo orgulho de me possuir.
Carregas como a um troféu o sentimento inexorável
de ser o único homem com tua marca gravada
na memória da minha pele, e que por toda uma vida
jamais irá se extinguir.


Marinez Full in Coquetel Molotov

terça-feira, 11 de junho de 2013




Penso em ti no silêncio da noite, quando tudo é nada
Penso em ti no silêncio da noite, quando tudo é nada,
E os ruídos que há no silêncio são o próprio silêncio,
Então, sozinho de mim, passageiro parado
De uma viagem em Deus, inutilmente penso em ti.

Todo o passado, em que foste um momento eterno,
É como este silêncio de tudo.
Todo o perdido, em que foste o que mais perdi,
É como estes ruídos,
Todo o inútil, em que foste o que não houvera de ser
É como o nada por ser neste silêncio nocturno.

Tenho visto morrer, ou ouvido que morrem,
Quantos amei ou conheci,
Tenho visto não saber mais nada deles de tantos que foram
Comigo, e pouco importa se foi um homem ou uma conversa,
Ou um povo omitido pelo mundo,
E o mundo hoje para mim é um cemitério de noite
Branco e negro de campas e árvores e de luar alheio
E é neste sossego absurdo de mim e de tudo que penso em ti.


 Álvaro de Campos