quinta-feira, 19 de janeiro de 2012


"Acendo uma vela branca procê ir embora numa boa.
Abro as janelas e ponho bem alto você cantando ‘Primeiro Jornal’, porque é assim que quero te guardar,juntando tua voz matinal aos restos dos sons noturnos que ainda boiam na casa.
Não tenho medo da morte. Tenho medo da vida. Baixinha, foi tão de repente...
Maninha, precisava ser agora? Em pleno verão, o sol quase em Aquário. Sei que teu coração não aguentava mais tanta barra. Sacanagem.[...]O dia não conseguiu chover: eu queria agora chorar todo o choro que o dia não chorou por ti. Não consigo.[...]O tempo existe, Pimentinha, e passa, leva no arrastão as coisas e as pessoas que não morrem: ficam encantadas. Y solo resta el silencio, un ondulado silencio...
Nós te amávamos tanto, tanto. Guria. Até."






Em 1982, após a morte de Elis, Caio F. declarou:

“Colaborei com a seção de literatura da Veja durante cerca de quatro anos. E pedi demissão quando morreu Elis Regina. Imagino que todo mundo lembre da capa da Veja na época. “Elis Regina, a tragédia da cocaína” – onde tratavam Elis como uma viciada irrecuperável. Coisa de gente não só careta como também mau-caráter. Liguei para o editor de literatura e disse: ‘Por favor, vá dizer ao seu patrão que não quero nunca mais ver meu nome numa revista desse nível.'"


Do Livro: Para sempre teu, Caio F. Cartas, conversas, memórias de Caio Fernando Abreu.

2 comentários:

  1. Tá aí um livro que tô louca pra ler e num li do Caio: Cartas!

    Essa é linda demais. :) beijocas pra ti!

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  2. Meire!!! Q bom ter vc aqui!!!
    Cartas é lindo, ali é ele mesmo, real, viceral!!
    Bjos linda! :)

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