sexta-feira, 13 de abril de 2012




"...sou o silêncio imenso dos desertos; sou o inverno que desconhece o tempo de partir e permitir a primavera. Sou o segundo ante a sentença de culpa ou absolvição. Sou silêncio porque sou melhor não dizendo nada. Sou melhor sendo aridez a vendaval. Sou mais fácil sendo a queda do que caminho. O que sou me alivia das farpas que um dia fui; semente que para ser jardim, aguarda a sua própria morte; sou a árvore órfã de seus frutos. Carrego um espaço vazio em que o Amor deveria preencher; mas sou casa abandonada em que vivo com todos os tons de cinza de que meu silêncio é feito; uma sombra cansada de existir quando, no silêncio de nós dois, você me disse adeus."



Guilherme Antunes

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