terça-feira, 29 de maio de 2012






Ah
Relembro a amplidão dessas varandas
Os pequenos raios de luz
Nos vidros coloridos das janelas.
Revejo a dura consistência da porta
Cerrando seu segredo.
E me retomo
Ali
No imóvel do gesto que não fiz.
Como se pudesse
agora
Escancarar portas e janelas
Para sair nu pelas varandas
Desvairado e nu
 - um profeta, um louco, um santo
Sair para o vento, o sol, as tempestades,
as neves, as quedas de estrelas e Bastilhas,
O cheiro de jasmins entontecendo os quintais.
(pudesse retomar manhãs, amigo,
manhãs perdidas como tudo
que não fui)
Mas continuo
Ali.
Aqueles espaços
permanecem  tão mortos de mim.
como um corpo que se ama
e não se toca.


Londres 4.2.74

 
CaioFAbreu

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